quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

e hoje, meu pai se perdeu de mim.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

tem muitas coisas na minha vida chegando ao fim
e o fim deixa saudades
e medos
.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

regresso

assim como o meu pai, eu também tenho querido ir para casa sem saber exatamente onde ela é.
porque nesses vinte e três anos o que eu tenho como casa, em grande parte, é também o meu pai. esse homem que deu o meu primeiro banho e que dançava comigo aos domingos pela manhã a música madalena e que concordava quando eu dizia que era a música da farofa e a mais animada do mundo, mesmo sendo muito triste. que chamava uma mão de sapeca e outra de mãozinha só para brincar de me fazer cócegas. que dormia no quarto comigo porque eu tinha medo do escuro e que chorou muito quando eu disse que era gay, mas acabou me aceitando sem restrições depois de um tempo. meu pai que sempre me ajudou a resolver um monte de coisa e que brigava comigo e dizia "entendeu" ao fim das frases mesmo não estando certo. que adorava repetir a palavra "babaca"e sempre me irritava com isso e com o fato de cantarolar em elevadores, mesmo quando eles estavam cheios. meu pai que sempre foi o meu porto seguro e que eu sabia que sempre poderia me ajudar no que quer que fosse. meu pai que me amou antes mesmo de eu existir. meu pai quem eu amei mesmo antes deu existir.
e quando eu chego em casa ele está querendo ir para casa porque não reconhece mais que nossa casa é a nossa casa. e então essa palavra deixou de ter um sentido espacial para não ter mais nenhum sentido palpável. casa não é mais um casa e sim um conjunto de sensações felizes que talvez nem pertençam a esse mundo. e ele se perdeu de sua casa, se perdeu dele mesmo e tenho medo que se perca de mim também porque sei que isso vai acontecer, mesmo que seja momentâneo, porque a consolo de tudo isso é saber que tudo isso é momentâneo e que a gente vai achar outras coisas, que a vida segue e o espírito também. que assim seja.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

eu tenho perdido muitas coisas ultimamente... algumas nem tão ultimamente assim... algumas eu já perdi há mais de um ano atrás e por mais que eu ache que a falta possa ir embora ela ainda não foi.  E a falta está muito grande agora porque eu não queria estar tão sozinha.
ultimamente eu perdi o meu pai. na verdade, não o perdi ainda literalmente. eu o perco um pouco a cada dia que passa. e ele se perde também e sei que isso deve doer muito mais nele do que em mim. tenho medo a todo momento que ele acorda porque eu sei que ele é um pouquinho menos do meu pai do que quando ele estava acordado antes. hoje ele disse que quer ir para casa, para o nosso lar, mesmo que estivessemos em nossa casa, então acho que é porque ele não tem mais se visto aqui e está querendo se buscar. e eu sei que um dia ele vai se encontrar e vai ver que ele não é apenas esse emaranhado de lembranças e sentimentos confusos. ele vai ver que é um espírito imortal destinado a ser feliz e isso é muito lindo e muito bom... mas ele não vai mais ser o meu pai... talvez seja outro pai, mas não o meu pai de agora. isso eu já perdi e não tem mais volta e isso dói para caramba. dói tanto que às vezes eu estaciono o carro e não quero subir para a nossa casa, porque eu também estou um pouco perdida dela. porque eu sei que quando eu chego eu tenho que tomar muito cuidado para não chorar o tempo todo.
eu perdi a vontade de muitas coisas também porque tem tanta coisa dando errado... nem consigo tomar um banho sem que a água esfrie.

domingo, 29 de setembro de 2013

depressão.

ultimamente tenho tido vontade de pedir para todas as pessoas terem paciência comigo, não me cobrarem nada, me ajudarem, porque está tudo dando errado, porque a minha família está um caos, porque o eagles só perde, porque o GEAMA está se esvaindo e o GEAMA é a minha vida e estou me sentindo sem rumo, perdida e só. e eu preciso muito me agarrar em alguma coisa já que os meus três corações estão murchinhos, mas está difícil porque o GEAMA é o principal na minha vida, o que mais me resta? não tenho uma namorada ou um bebê ou algo que me faça pensar que nunca estarei só e que a vida pode ser linda. o que sempre me fez ter certeza da beleza da vida e da não solidão sempre foi o GEAMA, mas agora ele anda capengando e pessoas estão abandonando o barco e eu estou me sentindo abandonada e eu estou tão sem forças, tão cheia de preguiça até para sorrir, com uma parte do coração lá no japão e a outra perdida por aí onde nem eu sei. e eu busco maneiras de pedir socorro porque estou tão perdida que nem acho mais a vontade de levantar da cama. eu preciso de evangelho, de jesus, de eurípedes, de corações, de rohden e de abraços.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

estou me sentindo tão sozinha hoje.
e minha solidão tem parecido uma tosse.
eu não sei quando começou exatamente mas tenho aquela sensação de que nunca mais vai embora, que vou ficar tossindo para sempre.
até que um dia passa, sem se perceber, assim como se chega.
mas esse dia não é hoje.
hoje, eu tusso só.

domingo, 25 de agosto de 2013

maria rosa, meu amor, vamos embora.
maria rosa, está na hora.
bota a chave do portão dentro do armário,
prende o gato na gaiola do canário.

terça-feira, 16 de julho de 2013

talvez

talvez esse seja então o problema desde sempre. talvez então ela seja a razão por eu sempre buscar mulheres inalcançáveis. talvez seja por causa desse sentimento que nunca vai embora apesar dos anos passarem. muito pelo contrário... sempre esteve aqui, mesmo que adormecido e isso não é nenhuma surpresa. sempre soube que ele estava aqui porque ele nunca se fez esquecer. nunca mesmo. mesmo vivendo outros caminhos, mesmo sabendo que o máximo que sempre teria dela é exatamente o que eu já tenho. mas nada, absolutamente nada disso muda alguma coisa do que eu sinto. talvez essa coisa de gostar de mulheres complicadas seja para que eu nunca, de fato, esteja totalmente com alguém. para que eu sempre possa simplesmente largar tudo caso ela estale os dedos. e eu sei - e essa constatação é dolorosa demais - sei com absoluta certeza que ela não me quer, que não tenho chance nenhuma, que não é possível. eu sei disso e já até me acostumei com o fato de saber disso. sempre soube. nunca houve uma esperança real e não há. então por que? por que eu continuo desejando que aconteça um milagre? que tudo mude? não dá, carolina! ela não te quer. ela só quer exatamente o que já tem de você. e ela poderia ter tudo de mim, absolutamente tudo, mas ela não quer. e talvez seja isso que me prenda. o fato de que eu ainda não consigo abrir mão de a querer, mesmo sabendo que ela não quer. talvez eu realmente ainda esteja presa nessa loucura de sentimento esquisito. é verdade que eu nunca parei de sonhar com ela enquanto dormia, porque aquele tipo de sonho acordado eu não me permito, mas meu inconsciente insiste em lembrar que ela nunca foi embora. talvez seja essa mesma a razão de eu realmente escolher aquilo que eu não posso ter, porque de verdade é ela que eu sempre quis esse tempo todo.

é... talvez seja isso, mas só talvez porque não ouso ter essa certeza surreal. se eu admito que é isso, e aí? como faz? como faz para não ser mais isso? como faz para realmente seguir em frente? melhor acreditar que eu sempre segui em frente. se eu acreditar muito nisso talvez vire verdade.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

minha zona de conforto é bem desconfortável.

terça-feira, 11 de junho de 2013

O vento responde


Tudo começou pelos animais. Aqueles rostinhos brilhantes e carinhosos que a chamavam para um abraço. Não que os seres-humanos não soubessem abraçar, mas seus abraços, muitas vezes, eram só com os braços e os cachorros, por exemplo, não tinham braços e precisavam abraçá-la de outra forma. E ela gostava dessa outra forma: o olhar cheiroso de fidelidade e principalmente os ouvidos silenciosos, porque seu cachorro sabia ouvir como ninguém e ela então desabafava tudo que precisava e ele a escutava companheiro e respondia do jeito que podia. Mas essa história não é fantasiosa e animais não batem papos com humanos. É apenas a mágica realidade das coisas vivas e ela ama todas as coisas vivas. E quem há de negar que o cachorro seja vivo? E se o é por que não contá-lo sobre nossos dias, medos e desejos? E ela contava e foi aí que começou tudo. A partir daí tudo o que era vivo lhe fascinava e também lhe ouvia. Para que matar formigas indesejáveis e tão pequenas, tadinhas? Conversemos com elas que elas nos ouvem. E ouvem mesmo e respondem como podem e como os cachorros também abraçam como podem. As formigas andam, escutam e são vivas, muito vivas. Mas quem há de negar que formigas são vivas? Assim como as árvores e as flores. E ela descobriu que as árvores não choram, mas servem. E ela descobriu também que pode conversar com elas e abraçá-las porque as árvores entendem e também amam, mesmo que não saibamos como amá-las de volta, mesmo que as destruamos elas amam porque elas sabem perdoar e nos perdoam. Voltam a crescer e nos servir e nos ouvir. Elas são velhas e muito sábias. E a menina descobriu que as flores perfumam aqueles que olharem. E quem há de negar que as árvores e as flores são vivas? E o vivo lhe fascinava tanto tanto que passou a buscá-lo em vários lugares e assim chegou ao vento, porque o vento é vivo, apesar de negarem. Vivo e sábio. Ele passeia por todo o mundo e conversa com o cachorro, com a formiga, com a árvore, com a flor e com a menina. E ela conversa com ele e ele ouve e responde como pode, abraça-a como pode e reconforta-a porque ele é vivo e ela ama tudo que é vivo. Mas além do amor pelo vivo ela também se sente deslumbrada por outra coisa: a destruição. E ela então entende seu fascínio sem o entender o porquê das coisas que vão virando paradoxos, antíteses e oxímoros. Talvez ela se sinta tão vislumbrada pela destruição justamente porque ame tanto a vida, apesar de ser um pensamento contraditório. Talvez quando duas coisas se contradizem nunca estiveram tão próximas, talvez. A verdade é que não se destrói a vida, porque ela está sempre viva, mesmo que não saibamos exatamente o que ela é ou como defini-la. A verdade é que a destruição não causa a morte da vida porque ela não morre. A destruição só prova que a vida está sempre pronta para um recomeço. E a menina só é capaz de entender tudo isso e tudo nela se ela conversar com o vivo. E vento que vive eternamente, sempre responde muito bem.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

vontade de dizer alguma coisa sem saber exatamente o que

"som de assombração"
"branca é a tez da manhã"

manhãs e noites silenciosas, solitárias e nada guardiãs.

domingo, 5 de maio de 2013

Se precisar, grite.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

as árvores não gritam, só servem.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Por que eu continuo esperando?

Clara

a casa, a rede, a banheira, o cachorro, as crianças, as árvores... a Clara... e ela.

tudo tão perto hoje. apesar de tão longe.

saudade do que ainda não tivemos.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

À meia noite e trinta e quatro


Então escuto o barulho do celular vibrar. Olho rapidamente a hora: meia noite e trinta e quatro. Aproximo-me do aparelho e atendo o celular perguntando-me quem poderia ser tão tarde. Não demoro a ouvir a voz de uma aluna me falar o seu nome seguido de um desculpa-estar-ligando-tão-tarde-mas-estou-tão-mal. Ouço sua voz se transformar num choro de desabafo enquanto fala algumas coisas explicando-me de sua tristeza. Enquanto respiro fundo dizendo-a que tudo bem ter ligado à meia noite e trinta e quatro, eu-não-estava-dormindo, e não estava mesmo e também não importa que estivesse, teria atendido e ainda assim teria ficado feliz ao atender. E eu fiquei feliz ao atender. Fiquei feliz mas não por ela estar triste e sim porque ela poderia estar triste e só, ela poderia estar triste e se afundar em tristeza sem nenhuma palavra amiga, mas ao invés disso ela estava triste e me ligou à meia noite e trinta e quatro. E fiquei feliz por ela ter tido a consciência de que poderia me ligar à meia noite e trinta e quatro para chorar não mais só e para pedir um pouco de amparo e uma palavra amiga. Fiquei feliz porque ela entendeu que eu sou o tipo de professora que não tira férias, e que está disponível em qualquer hora até mesmo à meia noite e trinta e quatro. Ela entendeu que eu sou o tipo de professora que não ensina português, que não ensina nada na verdade, mas que aprende junto, que vive junto, até mesmo à meia noite e trinta e quatro. Ela entendeu que eu sou o tipo de professora que ouve tudo sem julgamento a qualquer hora, até mesmo a meia noite e trinta e quatro. Ela entendeu que para se ser professor de verdade é preciso se importar de verdade e, naquela meia noite e trinta e quatro, ela precisava de alguém que se importasse de verdade. E com aquela ligação de 11 minutos, ela ensinou-me muito mais do que as 120 horas de estágio que já fiz, pois naqueles 11 minutos à meia noite e trinta e quatro, ela me mostrou que eu estou no caminho para ser a professora que desejo ser e que sendo essa professora que desejo ser, não só existem notas boas como consequência, mas também alunos menos sós e mais felizes.