terça-feira, 16 de agosto de 2011

Muito há tempos antes de ontem e um pouquinho hoje

Eu não tive tempo de te beijar como eu queria. Não tive tempo de sentir muitas coisas que eu gostaria nem aquelas que eu não gostaria de sentir. Não tive tempo de dizer que estava feliz de estar com você. Não tive tempo de estar tão feliz. Não tive tempo de me preocupar com nosso futuro preocupante nem relaxar com as situações relaxantes. Não tive tempo de te abraçar direito e decorar as curvas do seu corpo ou os traços do seu rosto. Eu não tive tempo de dizer “eu te amo”. Não tive tempo nem de sentir amor. Não tive tempo de tentar ter o que eu queria e esperava e ansiava. Simplesmente não tive tempo de ter tempo e acabo novamente no que poderia ter sido, da mesmo forma que comecei.
Você não teve tempo suficiente para mim e eu não tive tempo suficiente de você.

Ontem

e hoje eu passei pela tua rua. por causa de um cabo caído e uma rua fechada, sem vontade de achar outro caminho. passei pela tua rua sem aquela vontade de me perder de novo. e eu fui quase sentindo aquela dor doída e achei que te vi, mas era só uma colegial qualquer que não você, que me fez relembrar dos mesmos momentos em que eu virava aquela esquina. e eu continuei dirigindo e passei, e tentei não olhar mas olhei. e eu fui sentindo aquela sensação de quem não sente mais nada, de quem não sente mais dor, mas que ainda tem lembranças, que foram voltando pouco a pouco sem que eu pudesse fazer nada, sem que eu pudesse dizer que não, sem que eu pudesse dizer que sim, sem que eu pudesse dizer qualquer coisa. eu apenas senti aquele não-sentir e lembrei aquele todo-lembrar e continuei passando tentando não me importar, tentando não sentir todo aquele frio ou aquela tristeza que vinham daqueles tempos tão ruins que um dia haviam sido bons. e eu quase senti o seu cheiro e continuei andando e assim como o quase passou, eu passei, o carro passou, nós passamos e acabou. depois eu continuei na rua e vi uma prostituta qualquer entrar num carro aleatório e segui o meu caminho rumo à minha casa que nunca foi contigo.