sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
Clara
a casa, a rede, a banheira, o cachorro, as crianças, as árvores... a Clara... e ela.
tudo tão perto hoje. apesar de tão longe.
saudade do que ainda não tivemos.
tudo tão perto hoje. apesar de tão longe.
saudade do que ainda não tivemos.
segunda-feira, 7 de janeiro de 2013
À meia noite e trinta e quatro
Então escuto
o barulho do celular vibrar. Olho rapidamente a hora: meia noite e trinta e
quatro. Aproximo-me do aparelho e atendo o celular perguntando-me quem poderia
ser tão tarde. Não demoro a ouvir a voz de uma aluna me falar o seu nome
seguido de um desculpa-estar-ligando-tão-tarde-mas-estou-tão-mal. Ouço sua voz
se transformar num choro de desabafo enquanto fala algumas coisas explicando-me
de sua tristeza. Enquanto respiro fundo dizendo-a que tudo bem ter ligado à
meia noite e trinta e quatro, eu-não-estava-dormindo, e não estava mesmo e
também não importa que estivesse, teria atendido e ainda assim teria ficado
feliz ao atender. E eu fiquei feliz ao atender. Fiquei feliz mas não por ela
estar triste e sim porque ela poderia estar triste e só, ela poderia estar
triste e se afundar em tristeza sem nenhuma palavra amiga, mas ao invés disso
ela estava triste e me ligou à meia noite e trinta e quatro. E fiquei feliz por
ela ter tido a consciência de que poderia me ligar à meia noite e trinta e
quatro para chorar não mais só e para pedir um pouco de amparo e uma palavra
amiga. Fiquei feliz porque ela entendeu que eu sou o tipo de professora que não
tira férias, e que está disponível em qualquer hora até mesmo à meia noite e trinta
e quatro. Ela entendeu que eu sou o tipo de professora que não ensina português,
que não ensina nada na verdade, mas que aprende junto, que vive junto, até
mesmo à meia noite e trinta e quatro. Ela entendeu que eu sou o tipo de
professora que ouve tudo sem julgamento a qualquer hora, até mesmo a meia noite
e trinta e quatro. Ela entendeu que para se ser professor de verdade é preciso
se importar de verdade e, naquela meia noite e trinta e quatro, ela precisava
de alguém que se importasse de verdade. E com aquela ligação de 11 minutos, ela
ensinou-me muito mais do que as 120 horas de estágio que já fiz, pois naqueles
11 minutos à meia noite e trinta e quatro, ela me mostrou que eu estou no
caminho para ser a professora que desejo ser e que sendo essa professora que
desejo ser, não só existem notas boas como consequência, mas também alunos
menos sós e mais felizes.
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