sábado, 12 de fevereiro de 2011

toc-toc

Eu já toquei a campainha e não consegui entrar. Toquei de novo e de novo e de novo e nada e nada e nada. Agora estou batendo, esmurrando a porta, gritando do lado de fora para ver se entro, mas a porta continua lá estática. E eu ouço sabe? Sei que está lá dentro, sei que está. Ouço os passos e às vezes sinto-me olhada pelo olho mágico. Às vezes tenho a impressão que uma volta da chave já foi dada, mas às vezes parece que é revirada mais uma vez. E eu espero e espero e espero e continuo esperando e batendo e batendo e batendo e nada e nada e às vezes passos se aproximam e me dão esperanças da porta ser destrancada. Basta isso: destrancar. Eu abro, só preciso que destranque que eu abro. Eu giro a maçaneta e abro a porta e entro e fico lá dentro, juro. Juro que não saio, só destranca para mim. Dá mais uma volta na chave, não precisa ter pressa, eu espero, estou esperando, estou criando paciência. O que mais eu faço para ajudar? Tenho vontade de arrombar a porta às vezes, mas sempre que grito você se assusta e parece que se afasta mais, que gira de novo a volta da chave que já tinha desvirado e fica em silêncio e eu te procuro de novo e continuo esperando, tocando e batendo e batendo e esperando e esperando e nada e nada e nada e então um pouco e mais um pouco. Um dia você vai abrir para mim porque eu sei entrar, sei entrar e não sair, sei esperar aqui fora ouvindo sua voz e sentindo seus passos. Sei esperar e espero e espero e não vou embora, você ouviu isso que eu disse? EU NÃO VOU EMBORA! E não vou porque você não quer que eu vá, se quisesse talvez eu fosse, mas você não quer que eu vá e eu não quero ir, eu quero entrar e você quer me deixar entrar, mas é dificil, amor, eu sei que é e eu espero e espero e espero e continuo tentando e tentando porque eu acredito em você e eu sei que eu vou entrar e não vou sair, não se preocupe, eu vou entrar e vou ficar o tempo que você quiser que eu fique porque tem coisas que não se vão, tem coisas que não se perdem, basta acharmos e deixarmos entrar. É bom quando entramos assim, depois de uma espera, não estou triste por ter esperado, mas eu já posso assim que você puder e quando eu entrar para não sair enquanto não quiser que eu saia, eu vou sorrir e você vai sorrir e vamos continuar sorrindo e depois fecharemos a porta, mas não vai mais importar ela estar fechada porque eu vou estar lá dentro e você também e vai ser bonito, muito bonito.

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